Mergulhe em temas macro, de mercado e de carteira
Mudanças no ambiente exigem uma reavaliação de como montamos e diversificamos as carteiras. Os investidores precisam de todas as ferramentas para ampliar, expandir e aprimorar suas carteiras.
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Sumário Executivo
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O papel do Estado na economia
Como os investidores podem avaliar a ascensão da política industrial
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Expandindo as ferramentas de diversificação
Uma carteira mais inteligente para mitigar choques em um mundo menos previsível
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Implicações para a carteira
Carteiras mais inteligentes para um mundo em transição
Sumário Executivo
Carteiras mais inteligentes para um mundo em transição
Uma alocação de ativos 60/40 (60% renda variável, 40% renda fixa) ainda é um excelente ponto de partida para as carteiras e, a partir disso, podemos desenvolvê-las de várias maneiras.
Isso porque muito do que define o ambiente de investimento está em transição.
Considere o seguinte:
- A economia está em transição, conforme a desinflação persistente faz a transição para o risco de inflação em duas frentes.
- A política está em transição, com a política monetária de ultraflexibilização caminhando para uma política monetária mais tradicional, e a contenção fiscal se transformando em ativismo fiscal.
- A tecnologia está em transição, com o potencial da inteligência artificial começando a emergir.
- O clima está em transição, da energia convencional para a energia renovável.
Ampliar, expandir e aprimorar o 60/40
Para navegar uma economia que está em transição, recomendamos que os investidores partam de uma carteira 60/40 e:
Ampliem – saiam do caixa e se aprofundem nos ativos tipo core
Nossa projeção é que um dólar em caixa pode valer apenas US$ 1,04 em termos reais em 10 anos. Em uma alocação 60/40 com 25% em alternativos, este mesmo dólar pode chegar a valer US$ 1,62. (Este princípio se aplica a todas as moedas.)
Expandam – o conjunto de oportunidades, principalmente com ativos alternativos
A renda variável de mercados desenvolvidos internacionais pode capturar reclassificações e a valorização cambial; os ativos reais melhoram a resiliência à inflação.
Aprimorem – os resultados da carteira por meio da alocação ativa e da seleção do gestor
Como a época do dinheiro “grátis” passou, os mercados devem recompensar uma abordagem mais seletiva para a compra de ativos.
Nas Long-Term Capital Market Assumptions deste ano, as projeções para a maioria dos ativos oferecem retornos atraentes no longo prazo. Os investidores podem utilizar todas as ferramentas para ampliar, expandir e aprimorar suas carteiras.
Maior retorno para os títulos de dívida, menor retorno para a renda variável
Com as altas taxas básicas de juros vigentes hoje, nossa projeção para os títulos Global Aggregate salta 40 pontos-base para 5,1%. Já a nossa projeção de retorno para a renda variável cai, após a recuperação de 2023, mas não tanto quanto o esperado. Nossa projeção para a renda variável global cai 70 pontos-base, para 7,8%. A queda para empresas de grande porte dos Estados Unidos é de 7,9% para 7,0%.
Aproveitando o poder dos mercados privados
A justificativa para o investimento nos mercados privados ganha força, principalmente por conta da resiliência à inflação que os alternativos têm demonstrado. A expectativa de retorno para os ativos imobiliários tipo core dos Estados Unidos é de uma alta de 180 pontos-base, para 7,5%. A projeção para capital de risco é de forte alta, enquanto nos fundos de hedge e em private equity espera-se uma queda modesta (neste último devido ao retorno mais baixo do mercado de renda variável).
Em muitas classes de ativos, a perspectiva é melhor para o alfa ativo. Mas não se engane: A diversificação da carteira será um desafio persistente, principalmente quando o risco de inflação se apresenta em duas frentes e a correlação negativa entre ações-títulos já não é mais confiável. Permanecer investido é melhor do que se esconder atrás de caixa em praticamente todos os horizontes de tempo. Mas os investidores precisarão utilizar todas as ferramentas disponíveis para formar carteiras mais resilientes para um mundo em transição.
O papel do Estado na economia
Como os investidores podem avaliar a ascensão da política industrial
A necessidade é inegável: Alguns dos desafios mais urgentes da atualidade – notavelmente, a mudança climática, as pressões sociais e as tensões geopolíticas – provavelmente exigirão o empenho e o capital tanto do setor público como do privado.
Este é um dos principais motivos para a ascensão, na economia global, da política industrial e da intervenção estatal de modo mais amplo. É o começo de uma nova era e um claro contraste com o liberalismo de 1980-2008, principalmente nos Estados Unidos.
Um modelo para avaliar a eficácia da intervenção estatal
Elaboramos um modelo para avaliar a eficácia da intervenção estatal com três perguntas principais:
- A política está bem desenhada para tratar do problema definido?
- A política pode levar a um estado final sustentável?
- As ferramentas e/ou vontade política necessárias estão disponíveis para fazer a transição para esse estado final?
As políticas industriais têm uma vasta gama de objetivos econômicos e não econômicos, com efeitos de curto e longo prazos. Acreditamos que uma intervenção estatal cada vez maior apresentará riscos de valorização para a inflação e para a produção econômica no curto prazo, uma incerteza econômica maior e um custo de capital mais elevado.
Implicações para os investimentos
Quando consideramos as implicações da intervenção estatal para os investimentos, notamos, em primeiro lugar, uma incerteza maior sobre as perspectivas para as margens das empresas devido a um custo mais alto de mão-de-obra e ao potencial de os impostos corporativos serem mais elevados. De certa forma, isso é contrabalanceado por preços mais altos, aumento dos gastos dos consumidores e ganhos de produtividade possibilitados pela inteligência artificial (IA).
Os grandes beneficiários de uma intervenção estatal mais ampla podem estar nos setores da “economia real”. A indústria está em clara vantagem; serviços de utilidade pública, energia e partes do setor de tecnologia também saem ganhando. Com base nos setores da economia real que estão em vantagem, os mercados regionais mais inclinados para este tipo de empresas poderão ser os mais beneficiados. Mas o investimento baseado apenas na exposição a setores só vai até certo ponto; será fundamental pensar no potencial do investimento temático.
Novas iniciativas políticas exigirão não somente capital privado como também financiamento governamental. Entre os ativos alternativos, ativos reais aparentam ser os principais beneficiários, principalmente investimentos em infraestrutura, imobiliário, transportes e madeira. É provável que a dívida privada e os fundos de private equity ofereçam o capital crucial tanto para os ativos físicos como para os novos negócios que farão parte da história mais ampla da ascensão da intervenção estatal.
Expandindo as ferramentas de diversificação
Uma carteira mais inteligente para mitigar choques em um mundo menos previsível
Diversificadores são investimentos que ajudam a alcançar resultados mais robustos. As ações, em termos gerais, enfrentam dificuldades quando há contração do crescimento econômico, por isso diversificamos com títulos de dívida, que tendem a se sair bem quando o crescimento enfraquece.
A renda fixa continua sendo um diversificador indispensável para a carteira, mas não teve tanto sucesso contra surtos inflacionários, recentes e passados. Há mais de um tipo de choque nos mercados financeiros, como os investidores puderam se lembrar recentemente. O conjunto mais amplo de ferramentas de diversificação ajuda a proteger as carteiras de vários choques diferentes.
Na verdade, como as LTCMAs para 2024 projetam uma incerteza macroeconômica elevada e continuada, encontrar fontes adicionais de diversificação de risco pode ser tão importante como encontrar fontes de retorno.
Propomos essas dimensões de diversificação para criar carteiras balanceadas melhores, identificando uma cesta de outros diversificadores para ampliar e complementar uma carteira padrão 60/40 de ações/títulos para uma gama mais ampla de ativos. A cesta inclui:
- Renda variável em gestão ativa
- Estratégias de alocação tática de ativos
- Estratégias de prêmios de risco
- Gestão da exposição ao risco cambial
- Investimento temático
- Ativos alternativos – em particular ativos reais, fundos de hedge e crédito privado, que apresentam baixa correlação com ativos tradicionais e a oportunidade de resiliência à desvalorização, retornos melhores e proteção contra a inflação
Identificamos estes diversificadores com base em evidências históricas, o conhecimento de que cada um deles tem seu brilho em diferentes ambientes econômicos, e por meio de simulações utilizando o nosso modelo de alocação de ativos para capturar os efeitos dos diferentes regimes possíveis.
Ao testar a carteira incorporando todos estes diversificadores em potencial, examinamos seu desempenho em conjunto e trazemos um exemplo da nova carteira balanceada, mais inteligente e robusta.
A carteira mais inteligente fez uma jornada mais tranquila em nossas simulações – principalmente porque ela agrega valor quando é mais necessário. Gerar riqueza no longo prazo não significa somente gerar mais retorno, mas também evitar a destruição do patrimônio.
Os diversificadores da nossa cesta têm o histórico de entregar retorno positivo, não são caros (como os hedges tradicionais de carteira) e estão bastante valorizados. Estas qualidades tornam o momento atual oportuno para remodelar carteiras, expandindo o conjunto de ferramentas de diversificação.
Implicações para a carteira
Carteiras mais inteligentes para um mundo em transição
No geral, a perspectiva é promissora.
Nossas LTCMAs para 2024 sugerem um ambiente benigno para o investimento, com necessidade limitada de reestruturação das alocações de ativos. Prevemos retornos relativamente menores para a renda variável e retornos estáveis para a renda fixa ao longo do nosso horizonte de projeção de 10 a 15 anos, o que significa que os retornos totais das carteiras balanceadas devem permitir que os investidores atinjam seus objetivos estratégicos.
A história termina aqui? Não exatamente.
Conforme alocam capital, os investidores enfrentam um ambiente macroeconômico e de mercado que apresenta um grau elevado de volatilidade no curto prazo. Acreditamos que os investidores estão navegando em um mundo que está em transição – mais visivelmente de um mundo em que a desinflação é persistente, a política monetária é de acomodação e onde há restrição fiscal para um mundo com risco de inflação em duas frentes, política monetária mais tradicional e autoridades fiscais mais ativas.
Os investidores que operam em um período de transição podem se perguntar: Devem se manter firmes em uma estratégia de longo prazo bem ancorada ou ajustar as suas alocações com o tempo para refletir os sinais de curto prazo?
Estabilidade no longo prazo, desequilíbrios no curto prazo
Na nossa opinião, alguns dos desequilíbrios e das tendências atuais do mercado podem exercer uma grande influência nos retornos e no risco no curto prazo. Os investidores podem ajustar a estratégia de suas carteiras nesse breve período para aproveitar as oportunidades – e administrar os riscos – inerentes a esses desequilíbrios do mercado.
A guinada para taxas de juros mais elevadas e a aproximação do encerramento dos ciclos de alta pelos bancos centrais sugerem que a duration de carteira de renda fixa deve se estender. O lento ajuste para custos mais elevados de financiamento será sentido nos mercados de crédito e nas classes de ativos alternativos que utilizam alavancagem, implicando uma nova subscrição da exposição aos principais subsetores.
O declínio da globalização e a distância cada vez maior entre a China e seus parceiros comerciais do mundo desenvolvido podem justificar uma estratégia de investimento que diferencie as exposições nos mercados emergentes. Por fim, a concentração apresentada dos mercados de renda variável dos Estados Unidos pode sugerir um distanciamento em relação aos benchmarks passivos de valor de mercado e/ou uma guinada a partir dos Estados Unidos em direção aos mercados globais.
Premissas
Conheça nossas projeções de retorno para as principais classes de ativos e a lógica por trás dos números.
- Macroeconômicas
- Taxa de câmbio
- Renda fixa
- Renda varíavel
- Ativos alternativos
- Volatilidade e correlação
PREMISSAS MACROECONÔMICAS
O mundo em transição: como as marés do crescimento e da inflação estão mudando
Pontos principais
- A força de trabalho cresce nos Estados Unidos, o investimento em transição energética aumenta na Europa, e a tecnologia de inteligência artificial (IA) aprimora a produtividade; combinados, estes fatores complementam nossa projeção de crescimento dos mercados desenvolvidos (MD).
- O crescimento dos mercados emergentes (ME) diminui um pouco, pois a expansão da China, que já dura décadas, continua desacelerando.
- A expectativa para a inflação nos MD permanece mais elevada do que na era pré-pandemia: O crescimento salarial mais forte na Europa e no Japão faz a projeção de inflação para os dois países ser um pouco mais alta, enquanto uma queda mais rápida do que esperada na inflação dos Estados Unidos nos permite reduzir levemente a nossa projeção de longo prazo.
- Nossa perspectiva de inflação nos ME muda pouco.
- O investimento público para combater a mudança climática e mitigar os seus impactos sociais pode impulsionar o crescimento econômico e a produtividade, mas também deve ter um leve efeito inflacionário.
- A rapidez do investimento em IA pode impulsionar a produtividade e ter um amplo efeito deflacionário. No entanto, este fator nos faz ampliar, mas de forma modesta, nossas projeções de crescimento dos MD neste momento, pois continuamos avaliando o possível impacto da IA no longo prazo.
Nossas premissas para 2024 preveem principalmente estabilidade no crescimento real do PIB e uma inflação mais alta – mas não muito mais alta
Imagem: Long-Term Capital Market Macroeconomic Assumptions para 2024 (%, média anual)
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; estimativas de 30 de setembro de 2023. As projeções do PIB real do ano anterior incluem bônus cíclicos. Dados os pontos de partida deprimidos no pós-choque, na edição do ano passado adicionamos bônus cíclicos às nossas projeções de tendência de crescimento para 2021. Este ano, nossa projeção para 2024 retorna às taxas de tendência somente. Ao comparar as taxas de tendência de 2023 com as de 2024 aqui, não utilizamos o valor da ‘taxa mais bônus cíclico’ do ano passado, mas apenas a taxa de tendência. Os números compostos de PIB e inflação para os MD, ME e agregados globais são calculados por atribuição de pesos proporcionais ao PIB nominal projetado para economias individuais ao longo do horizonte de projeção. Esta atualização na metodologia também resulta na revisão de agregados para os LTCMAs de 2023, embora as projeções de economias individuais permaneçam inalteradas em relação ao ano passado.
PREMISSAS PARA A TAXA DE CÂMBIO
Premissas de inflação convergem para Estados Unidos e outros países, levando a uma queda menor do dólar americano
Pontos principais
- Nossas premissas para o retorno da taxa de câmbio mudam pouco, em termos direcionais, em relação a 2023. Continuamos acreditando que a sobrevalorização do USD será neutralizada ao longo do horizonte de tempo das LTCMAs (Long-Term Capital Market Assumptions).
- Reduzimos a magnitude da queda do USD em relação à edição do ano passado devido à reversão de parte da força do dólar registrada em 2022, visto que as nossas premissas de inflação prospectiva para os Estados Unidos e para as outras economias desenvolvidas convergiram.
- Esperamos que os bancos centrais continuem priorizando o cumprimento de suas metas de inflação em detrimento da manutenção da competitividade das moedas, o que deve aproximar mais pares de moedas de seu valor justo ao longo do nosso horizonte de projeção.
- A projeção de inflação mais elevada no longo prazo para a União Europeia (UE) está em linha com uma taxa mais baixa de valorização anual do euro ao longo do horizonte das nossas LTCMAs. O fim da era das taxas negativas e o risco menor de uma ruptura da UE reforçam a probabilidade de o euro convergir para o seu valor justo, já que os investidores devem provavelmente ampliar a sua exposição a ativos denominados em euros.
- Com a economia japonesa dando passos graduais porém sólidos em direção à reflação, elevamos a nossa projeção de crescimento e inflação das LTCMAs para 2024, o que favorece a nossa projeção de uma eventual valorização do iene.
- Pressões inflacionárias limitadas reduzem o ímpeto do banco central chinês para tirar o foco de sua política da competitividade da moeda.
Esperamos que as moedas dos MD valorizem, e as dos ME desvalorizem, em relação ao USD
Imagem: Direcionadores de retorno de câmbio das LTCMAs, principais moedas dos MD versus USD (superior) e principais moedas dos ME versus USD (inferior)
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; dados e projeções de 30 de setembro de 2023. FV: Valor justo; EUR: euro; GBP: libra esterlina; JPY: iene japonês; CHF: franco suíço; CAD: dólar canadense; AUD: dólar australiano; CNY: renminbi chinês; BRL: real brasileiro; MXN: peso mexicano; INR: rúpia indiana; TWD: dólar taiwanês; ZAR: rand sul-africano.
PREMISSAS PARA A RENDA FIXA
O retorno da renda fixa continua atraente
Pontos principais
- Esperamos que outras regiões acompanhem, de forma sustentável, a alta da inflação dos Estados Unidos, o que impacta fortemente nossas premissas para a renda fixa.
- Nossas premissas para as taxas básicas de juros cíclicas neutras sobem nos principais mercados desenvolvidos, e sobem mais acentuadamente para Europa e Japão. Estas altas refletem nossas expectativas de que as taxas devem subir de forma mais ampla para níveis historicamente normais e de que esta normalização se consolide.
- Mais adiante na curva de yield, a normalização das taxas de juros se traduz em premissas mais altas para o yield de 10 anos. Nossas premissas de 10 anos neutras para ciclo sobem de forma mais acentuada para a Europa e o Japão, onde a nossa perspectiva é de uma tendência de inflação mais elevada nos próximos 10 a 15 anos.
- A probabilidade de que os bancos centrais consigam cumprir os objetivos de suas políticas na próxima década é maior do nos últimos 10-15 anos, dado o ambiente de inflação mais tradicional que prevemos.
- A maior incerteza macroeconômica e o aumento do risco de inflação teoricamente elevam os prêmios de risco e acentuam a inclinação da curva de yield, mas, na nossa opinião, o aumento dos yields dos títulos públicos em todo o mundo deve reavivar a demanda por títulos de dívida de longo prazo por parte de grandes investidores que estejam underweight em duration. Portanto, mantemos a inclinação da curva de yield praticamente inalterada, o que leva a uma mudança de nível na curva de yield na maior parte das economias.
- A alta no custo de capital aumenta a vulnerabilidade em partes dos mercados de crédito, sobretudo nos empréstimos alavancados, segmento com maior exposição ao risco de refinanciamento. Subimos a expectativa para o spread neutro para ciclo no índice de empréstimos alavancados e também nossa premissa para o spread de high yield americano.
- Nossas premissas para dívida de mercados emergentes permanecem pouco alteradas, com taxas de default consistentes com as médias históricas.
O retorno dos títulos de dívida continua atraente
Imagem: Retorno neutro para ciclo versus retorno cíclico para os principais mercados de títulos públicos
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; dados de 30 de setembro de 2023
PREMISSAS PARA A RENDA VARIÁVEL
Pressões do valuation, retorno projetado ligeiramente mais baixo
Key points
- As expectativas de retorno da renda variável de longo prazo permanecem saudáveis, mas ligeiramente mais moderadas do que no ano passado. Com a recuperação dos mercados, os efeitos negativos cíclicos ganharam força. Em geral, os valuations funcionam como um freio maior, e as margens como um freio menor, em relação ao ano passado.
- A expectativa de retorno para empresas de grande porte dos Estados Unidos cai de 7,9% para 7,0%, e a expectativa de retorno para empresas americanas de pequeno porte cai de 8,1% para 7,2%. Estes dois movimentos refletem pressões do valuation. Continuamos projetando uma redução no prêmio de empresas de pequeno porte em relação às de grande porte, devido à composição setorial e à dinâmica de rentabilidade relativamente menos favoráveis, e à manutenção da tendência de as empresas permanecerem privadas por mais tempo.
- Esperamos que a renda variável, excluindo Estados Unidos, tenha um desempenho superior à renda variável americana. Pensamos que as ações norte-americanas devem entregar resultados mais fortes e crescimento na receita, mas a renda variável de mercados desenvolvidos, fora os Estados Unidos, oferece valuations mais atraentes e yields de dividendos mais elevados, contribuindo para uma expectativa de retorno total modestamente maior. Para os investidores baseados em dólares americanos, um dólar mais fraco deve oferecer um suporte adicional para a renda variável não americana, embora a magnitude prevista da fraqueza do dólar tenha moderado em relação ao ano passado.
- O prêmio de retorno dos mercados emergentes para os mercados desenvolvidos continua caindo. Como a transferência do crescimento econômico para o crescimento no lucro das empresas foi decepcionante em vários mercados emergentes, adotamos uma abordagem mais conservadora em nossas projeções de receita.
Os valuations perdem impulso, mas as projeções de retorno da renda variável continuam atraentes
Imagem: Premissas de retorno de longo prazo e “building blocks” da renda variável de mercados desenvolvidos (superior) e emergentes (inferior) selecionados, em moeda local
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; dados de 30 de setembro de 2023. Os números podem não somar devido a arredondamento. O MSCI China é tratado como um ativo cuja moeda local é o CNY.
PREMISSAS PARA A RENDA VARIÁVEL
Recompensa para o foco renovado na diversificação, na resiliência à inflação – e no alfa
Pontos principais
Embora a persistência dos desafios de curto prazo – nomeadamente a normalização das taxas de juros em um contexto de inflação elevada – os alternativos continuam sendo ferramentas poderosas para a diversificação da carteira, proteção contra a inflação e resiliência no desempenho.
- Esperamos que os ativos reais continuem a proporcionar retornos resilientes, sensibilidade à inflação e diversificação ao longo do nosso horizonte de investimento de 10 a 15 anos. A renda variável do setor imobiliário se beneficia de uma reprecificação considerável, enquanto a dívida deste setor – representada por uma nova categoria, os empréstimos hipotecários comerciais – apresenta yield mais elevado. Esperamos que outros ativos reais, como infraestrutura, transportes e madeira, proporcionem retornos estáveis, e prevemos que o retorno das commodities ultrapassarão a inflação. Embora a alavancagem contribua menos neste ambiente, a inflação resiliente e as considerações a respeito da sustentabilidade também podem servir de suporte para o valuation dos ativos reais.
- Nossas premissas de retorno para estratégias e ativos financeiros alternativos continuam sendo definidas por retorno superior em relação aos mercados públicos e por benefícios significativos de diversificação. Esperamos um retorno absoluto elevado para o private equity e o capital de risco, alto retorno de caixa para empréstimos diretos e um retorno cada vez mais eficiente e estável para fundos de hedge diversificados. Nos mercados privados, no entanto, um volume historicamente alto de “dry powder” ainda precisa ser implementado, o que atenua a nossa perspectiva para o alfa em algumas destas classes de investimento.
- Nossas
projeções de retorno de longo prazo para 2024 para uma carteira tradicional
60/40 de ações-títulos registam um ligeiro declínio em comparação com a nossa
projeção para 2023. Como resultado, esperamos que os investimentos em
alternativos tenham um papel mais importante nas alocações da carteira,
proporcionando um retorno potencialmente atraente e benefícios de
diversificação. Nos alternativos do tipo core com elevada dispersão do
retorno entre diferentes tipos de ativos, a gestão ativa terá um papel crucial
para a obtenção de valor; nos alternativos não core, a seleção do gestor
será fundamental para a realização do alfa.
Em todos os setores e estratégias alternativos, o desempenho futuro pode apresentar uma maior dispersão do retorno
Imagem: Estratégias alternativas selecionadas – premissas de retorno (alavancado,* líquido de taxas, %)
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; estimativas de 30 de setembro de 2022 e 30 de setembro de 2023.
* Todas as premissas de retorno incorporam alavancagem, exceto commodities, categoria em que não se aplica.
** O composto global é formado com base nos seguintes pesos: cerca de 70% EUA, 10% Europa e 20% Ásia-Pacífico.
† O composto de private equity é ponderado para os ativos sob gestão (AUM): 65% empresas de portes grande e mega, 25% empresas de médio porte e 10% empresas de pequeno porte. As categorias de porte se referem ao tamanho do pool de ativos, que tem correlação direta com o tamanho das empresas adquiridas, exceto no caso de empresas de porte mega.
†† A premissa Diversificada representa o retorno projetado para fundos de hedge multiestratégia.
‡ A premissa Conservadora representa o retorno projetado para fundos de hedge multiestratégia que buscam obter retorno consistente e baixa volatilidade geral da carteira, investindo principalmente em estratégias de menor volatilidade, como equity market neutral (renda variável neutra para mercado) e arbitragem em renda fixa. A premissa Conservadora para 2024 utiliza um beta de 0,70 para Diversificada.
PREMISSAS PARA VOLATILIDADE E CORRELAÇÃO
Acomodando a volatilidade maior dos títulos de dívida e a correlação instável entre ações e títulos
Pontos principais
- Pelo segundo ano, nossas premissas apontam para uma volatilidade mais elevada nos títulos de dívida e uma correlação menos negativa entre ações e títulos.
- Esperamos a volta da volatilidade macroeconômica e a normalização das políticas dos bancos centrais – e com elas o regresso não somente do retorno, mas também da volatilidade, dos títulos de dívida.
- É provável que as correlações entre a renda variável e os títulos continuem voláteis no curto prazo, diminuindo a eficácia da renda fixa tipo core para suavizar o retorno dos ativos de risco. No longo prazo, o papel dos títulos como diversificadores nas carteiras é enfraquecido, mas permanece relevante em cenários de desvalorização.
- Em comparação com o ano passado, nossas premissas de risco mudaram pouco
para todas as classes de ativos, depois de terem mudado significativamente no
ano passado. Mantemos a mesma projeção do ano passado para a dinâmica de risco.
- Reduzimos nossas projeções para o índice de Sharpe para a maior parte da renda fixa e da renda variável, pois as premissas de retorno caem e as de taxa básica de juros sobem. Os índices de Sharpe mudam pouco para a maioria dos ativos alternativos, exceto para o setor imobiliário, onde os índices de Sharpe melhoram devido a uma perspectiva de retorno consideravelmente melhor.
- O ritmo recorde dos bancos centrais para subirem as taxas está pressionando determinados setores da economia, como o setor imobiliário comercial privado. Analisamos em profundidade as mudanças na composição setorial do mercado imobiliário e o seu possível impacto sobre nossa projeção de volatilidade do setor. Estas mudanças têm um impacto mínimo sobre nossas previsões de volatilidade, mas afetam a exposição econômica e fatorial desta classe de ativos.
Grande parte da mudança que esperávamos está se traduzindo em uma volatilidade maior na renda fixa
Imagem: Projeções de volatilidade da renda fixa das LTCMAs, 2024 versus 2023
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; dados de 30 de setembro de 2023